22
maio
Todas as vezes em que eu pensei “não tenho mais idade para isso” ontem
- Quando eu cheguei no trabalho e comecei a ver as notícias sobre greve e trânsito em São Paulo.
- Quando eu tentei lembrar quanto foi que eu tinha pago no ingresso e se seria muito ruim desistir e não aparecer no show.
- Quando eu fiz meu primeiro plano sobre como chegar na zona sul e em seguida percebi que a) o Busp não estava circulando e b) aquele vídeo da estação Pinheiros na terça-feira vai me dar pesadelos para sempre.
- Quando eu comecei a avaliar o quanto eu realmente gosto de Fall Out Boy.
- Quando eu refiz meu plano sobre como chegar na zona sul e comecei a lamentar que ia jantar mal.
- Quando eu estava quase na porta do prédio e percebi que estava sem a escova de dentes.
- Quando eu comprei um sanduíche sem bebida porque vai saber quando é que eu vou encontrar um banheiro usável de novo.
- Quando eu estava comendo-andando na Praça do Relógio.
- Quando eu estava chegando naquele portãozinho de pedestre e não conseguia encontrar porque tem tipo árvores na frente e não é à toa que eu tive que adiantar minha saída para passar por lá quando ainda não tinha escurecido, porque eu só iria perto daquilo à noite se tivesse escolta.
- Quando eu sentei na cadeirinha da estação Cidade Universitária porque vai saber quando é que eu vou sentar de novo.
- Quando eu cheguei na estação Santo Amaro e perguntei o horário do último trem, porque eu poderia sair de boa antes do fim se o show atrasasse e eu não tivesse carona.
- Quando eu andei mais devagar para acompanhar o ritmo de outras pessoas que estavam indo a pé até o Citibank Hall porque assim pelo menos eu não ficaria sozinha nessa calçada.
- Quando eu cheguei na minha fila e só tinha umas 10 pessoas na frente, sentadas em rodinha, com camisetas da banda.
- Quando eu estava conversando com uma menina que estava lá com a mãe.
- Quando eu descobri que era o primeiro show da menina.
- Quando a menina disse que queria tingir o cabelo, mas a mãe não deixava.
- Quando a outra menina da fila contou que era fã de Rebelde quando era menor.
- Quando pessoas tiravam selfies na frente do Citibank.
- Quando eu sentei no chão na fila porque vai saber quando é que eu vou sentar de novo.
- Quando eu estava no chão e todos os calçados visíveis eram botas ou converses.
- Quando eu levantei do chão e comecei a limpar o jeans porque o chão estava meio sujo.
- Quando um grupo de fãs começou a cantar “My songs know what you did in the dark” e eu quase morri de vergonha alheia.
- Quando eu percebi que estava na fila de um show do FOB sentindo vergonha alheia sem nenhuma envergadura moral pra isso.
- Quando as duas meninas que estavam na minha frente na fila começaram a ficar ansiosas para entrar.
- Quando perguntei pra pessoa que verificava ticket na entrada se a plateia estaria fechada. Estava. Que pena. Queria espaço.
- Quando as outras pessoas na minha fila estava UUUUHHHHUUUU AINDA NÃO TEM NINGUÉM NA PISTA e eu estava YAY, SOU A PRIMEIRA PESSOA A ENTRAR NO BANHEIRO.
- Quando paguei 5 reais por 350 mL de água.
- Quando percebi que faltava muito pra começar o show e que era melhor não começar a beber a água ainda
- Quando fui lá esperar perto da grade da pista e fiquei meio em dúvida sobre se deveria ficar por lá ou ir mais atrás.
- Quando as pessoas no entorno conversavam.
- Quando as pessoas no entorno tiravam selfies.
- Quando eu tentei lembrar o setlist para escolher um ponto do show para largar essa de ficar na grade e procurar espaço pessoal.
- Quando eu abri minha água uma hora antes de começar o show porque precisava tomar remédio pra gripe.
- Quando mostraram no telão as informações sobre segurança e eu achei melhor descobrir onde eram as saídas de emergência.
- Quando eu fiz meu copo vazio de água caber no bolso porque é perigoso jogar essas coisas no chão.
- Quando começou o show e eu aguardei pacientemente o mar de celulares abaixar.
- Quando acabou a primeira música e minha garganta estava ardendo.
- Quando Patrick Stump cantou que tinha encontrado a cura para o envelhecimento e ei, é disso que eu estou precisando!
- Quando falaram que o guitarrista titular não tinha vindo e eu percebi que nem conheço ou reconheço pra saber que era outro cara ali no palco.
- Quando tocaram “Young volcanoes” e seria uma música que eu quase suportaria se resolvessem tocar numa rodinha de violão, mas felizmente eu não vejo rodinhas de violão nessa vida desde que terminei o colégio.
- Quando a menina atrás de mim começou a gritar.
- Quando eu comecei a me preocupar com danos permanentes à audição.
- Quando eu tentei discretamente tapar meus ouvidos quando a menina gritava.
- Quando ficou muito calor ali no meio.
- Quando deu um break no show e, enquanto as pessoas estavam impaciente para a banda voltar, eu estava feliz que no intervalo dava pra sentir o AC funcionando.
- Quando pessoas gritavam “FALL-OUT-BOY” enquanto a banda não voltava e era na mesma cadência que gritam “BACKS-TREET-BOYS”.
- Quando tocou “Dance Dance” e eu lembrei que já estava terminando a faculdade quando essa música estourou.
- Quando eu tive que continuar pulando porque senão as pessoas perto iam me dar esbarrões ou pisões horríveis.
- Quando alguém atrás de mim me deu uma puta braçada na parte de trás da cabeça.
- Quando eu ainda conseguia pular e agradeci silenciosamente Leslie Sansone.
- Quando FOB resolveu tocar um pedacinho de “Roots bloody roots” e eu, tipo, “o…….k”.
- Quando Pete Wentz foi lá high-5 a galera e rasgaram a regata dele e péssimo, tá.
- Quando acabou e eu não fiquei particularmente chateada de estar meio cedo ainda.
- Quando paguei mais 5 reais por outro copo de água.
- Quando olhei pra fila do banheiro e fiquei com medinho de como estaria aquilo.
- Quando eu achei melhor continuar na fila mesmo assim, porque dois copos de água e tal.
- Quando fiquei feliz porque o banheiro estava limpo e reabastecido até com o protetor de assento.
- Quando botei a jaqueta antes de sair do prédio porque, sabe, fica frio lá fora e eu estou com o corpo quente.
- Quando tive que pular aquelas grades chumbadas na calçada para poder entrar no carro. Sim. Aconteceu. Vamos nunca mais falar sobre isso.